terça-feira, outubro 23, 2007

Treinamento contra resistência para portadores da doença de Parkinson



Profa. Dra. Aline Rodrigues Barbosa

UNIVERSIDADE federal de santa catarina
Centro de Desportos
Departamento de educação física




Florianópolis - 2007

Introdução

A doença de Parkinson (DP) é um dos distúrbios do movimento mais encontrado na população idosa, apresentando progressão variável e prevalência estimada entre 85 e 187 casos por 100.000 indivíduos. O diagnóstico da DP é estabelecido, basicamente, pelo quadro clínico característico, sem a necessidade de utilização de exames complementares para tal. A base patológica da DP baseia-se na degeneração dos neurônios dos gânglios basais, onde estão inseridos componentes inibidores e excitadores do movimento (Teive & Meneses 1996).
A atividade física (AF) regular repercute em vários benefícios à saúde dos indivíduos, com DP, que muitas vezes têm sua atividade física reduzida devido aos efeitos da doença. Existem evidências de que a AF de intensidade moderada eleva os níveis de dopamina, além de melhoras nas funções neuromusculares, melhorando o mantendo a qualidade de vida e a capacidade funcional dos indivíduos com DP (Crizzle & Newhouse 2006, Boelen 2007)
Uma forma de atividade física que vem sendo bastante estudada, em indivíduos idosos, é o treinamento contra resistência. A importância do treinamento contra resistência, como uma atividade física com repercussões na prevenção e reabilitação de pessoas idosas, em parâmetros funcionais e metabólicos como sarcopenia, osteoporose, obesidade e controle de peso, capacidade funcional etc., foi reconhecida por entidades como o American College of Sports Medicine (1998), National Institutes of Health (1995) e American Heart Association (2007), sendo assim, recomendado para esses indivíduos.
Em portadores da doença de Parkinson os efeitos do treinamento contra resistência vêm sendo estudado em aspectos relacionadas à marcha, ao desempenho nas atividades da vida diária, à funcionalidade (equilíbrio e flexibilidade) e à qualidade de vida (Crizzle & Newhouse 2006), objetivando melhora na saúde.
Assim, considerando os aspectos apresentados, espera-se contribuir para melhoria da saúde destes indivíduos e para o delineamento de novas pesquisas.


Objetivo

Estimular a melhora da capacidade funcional (musculoesquelética) de portadores da doença de Parkinson.

Metodologia

Trata-se de projeto de extensão, que poderá gerar dados para pesquisa (longitudinal). Os participantes serão voluntárias, de ambos os sexos, contactados através da Associação Parkinson Santa Catarina (APASC), entidade que conta com aproximadamente 70 doentes cadastrados.
Para participar do projeto os indivíduos deverão apresentar atestado médico liberando para a prática de atividade física (musculação).
Todos os procedimentos experimentais serão realizados em sala do Centro de Desportos/UFSC.
Os indivíduos serão submetidos a treinamento contra-resistência, com intensidade progressiva, com exercícios dinâmicos de trabalho concêntrico e excêntrico, para a porção superior do corpo, tronco e porção inferior do corpo. Os exercícios e as cargas utilizadas foram registrados em formulário próprio.
Serão utilizados, pelo menos, 8 tipos diferentes de exercícios:
Ø Peito - Principais músculos atuantes: peitoral maior, deltóide anterior, serrátil e tríceps braquial.
Ø Costas - Principais músculos atuantes: grande dorsal, redondo maior e menor, rombóide, trapézio, infra-espinhal, paravertebrais, glúteos e posteriores da coxa, bíceps braquial, braquioradial, braquial, flexores do punho e dedos.
Ø Ombro - Principais músculos utilizados: deltóides, tríceps braquial e trapézio.
Ø Bíceps - Principal músculo utilizado: bíceps braquial e braquioradial.
Ø Tríceps - Principal músculo utilizado: tríceps braquial.
Ø Coxa - Principais grupos musculares exercitados: quadríceps, glúteo máximo, posteriores da coxa e paravertebrais.
Ø Panturrilha - Músculos principais atuantes : gastrocnêmios e sóleo.
Ø Abdome - Principais músculos utilizados: reto abdominal, abdominal oblíquo e transverso, iliopsoas.
Nas sessões, os indivíduos deverão executar primeiramente os exercícios para grandes grupamentos musculares e depois os demais.
Após 3 minutos de exercícios de aquecimento geral, cada indivíduo executará as seguintes séries:
Ø para os exercícios de peito, costas e coxa , foram executadas 5 séries de 6 a 10 repetições, com cargas progressivas: a 1ª de baixa intensidade, a 2ª de intensidade moderada, e as demais executadas com uma carga que podia ser sustentada apenas entre 6 e 10 repetições (sem contração muscular máxima). Quando o indivíduo aumentar sua força ao ponto de realizar 10 repetições com facilidade, será adicionada uma nova carga, suficiente para o número de repetições voltar ao nível inicial (6).
Ø para os exercícios de ombro, bíceps e tríceps serão executadas 3 séries de 6 a 10 repetições, sendo a 1ª de intensidade moderada e as duas últimas com uma carga que possa ser sustentada apenas entre 6 e 10 repetições (sem contração muscular máxima). Quando o indivíduo aumentar sua força ao ponto de realizar 10 repetições com facilidade, será adicionada uma nova carga, suficiente para o número de repetições voltar ao nível inicial (6).
Ø para os exercícios de panturrilha e abdominal serão executadas 3 séries de 10 a 15 repetições, sendo a 1ª de intensidade moderada e as seguintes com uma carga que podia ser sustentada entre 10 e 15 repetições. Quando o indivíduo aumentar sua força ao ponto de realizar 15 repetições com facilidade, será adicionada uma nova carga, suficiente para o número de repetições voltar ao nível inicial.
Para cada exercício será realizado um descanso de cerca de 2 minutos entre as séries, podendo este tempo ser prolongado caso a freqüência cardíaca ultrapasse 75% da freqüência cardíaca máxima prevista para a idade, predita a partir da fórmula 220-idade (anos), verificada após cada série.
Em relação à respiração, o indivíduo deverá expirar durante a contração concêntrica e inspirar na contração excêntrica diminuição da resistência, em cada repetição. Deverão ser evitadas a apnéia e a contração muscular máxima, avaliada pela contração muscular isotônica com velocidade lenta, tendendo a isométrica, devido ao efeito da fadiga.
O treinamento será conduzido por profissional de Educação Física.

Material necessário

Aparelhos para os exercícios:

Quantidade
Descrição
Preço unitário
total
1
Cadeira flexo-extensora graduada (graduação das amplitudes)
3.200,00
3.200,00
1
Rosca apoiada (bíceps e braquial estabilizado) –
2.800,00
2.800,00
1
Mergulho (tríceps press) -
2.600,00
2.600,00
1
Flexor abdominal sentado (abdominais sem impulso) –
2.700,00
2.700,00
1
Flexor solear (panturrilha com joelhos em flexão) –
2.700,00
2.700,00
8
Presilhas de mola (par) simples/olímpica
8,00
64,00
1
Conjunto de halteres inoxidáveis
1.024,00
1.024,00
8
Colchonetes
110,00
880,00
Total


15.968,00


* Os valores foram baseados nos aparelhos da marca BIODELTA INDÚSTRIA METALÚRGICA LTDA, por serem testados e projetados por alunos da Universidade de São Paulo e fabricados na cidade Joinvile/SC, o que, provavelmente repercute em frete mais barato.
Vale ressaltar que os valores de frete não foram incluídos.



Referências
Teive HAG, Meneses MS. Histórico. In Meneses MS, Teive, HAG. Doença de Parkinson: aspectos clínicos e cirúrgicos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1996,:4-14.
Crizzle AM, Newhouse IJ. Is physical exercise beneficial for persons with Parkinson’s disease? Clin J Sport Med 2006; 16: 422–425.
Nelson ME, Rejeski J, Blair SN et al. Physical Activity and Public Health in Older Adults
Recommendation From the American College of Sports Medicine and the American Heart Association. Circulation 2007; 116: 000-000.
ACSM - Position stand on the recommended quantity and quality of exercise for developing and maintaining cardiorespiratory and muscular fitness, and flexibility in healthy adults. Med Sci Sports Exerc 1998; 30(6) 975-91.
NIH - National Institutes Of Health - Physical Activity and Cardiovascular Health. Consensus Statement. DEC 18-20; 1995; 13(3): 1-33.
Boelen M. The role of rehabililitive modalities and exercise in Parkinson’s disease. Dis Mon 2007; 53(5): 259-64.

2 comentários:

gaby disse...

no me queda claro el tipo de fuerza que quieren investigar.... es fuerza resistencia? por que tantas repeticiones y series? no genera eso un aglotamiento del glucogeno del grupo muscular?
Como determinan que la intensidad es moderada, con una tabla?
cuanto tarda el paciente en completar todos los grupos muculares con series y repeticiones? Me parece muy interesante ya que no encontre trabajos como este. Felicitaciones!!! GABI

gaby disse...

ME QUEDO UNA PREGUNTA, LOS PACIENTES ESTAN NIVELADOS SEGUN ALGUNA ESCALA COMO AL DE H&Y?
VOLVI A LEER EL PROTOCOLO Y AHORA ENTENDI CUAL ES EL METODO ELEGIDO PARA EL ENTRENAMIETO DE LA FUERZA.
ME QUEDA PREGUNTAR SI TIENEN EN CUENTA EN QUE MOMENTO TOMAN LA MEDICACION EN RELACION CON EL ENTRENAMIENTO?